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Uma cigarra na minha janela.

by Memorial para uma inexistência

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1.
2.
esse planeta será reciclado quando elxs chegarem. as cinzas flutuam, se tornam pontos de luz. pétalas dançando enquanto seus pés deixam o chão. um buraco no céu. cadeiras em um círculo, um símbolo no centro, sua consciência flutua em outro plano de existência enquanto esse colosso suga sua vida. o fractal se divide porém os galhos mais próximos uns dos outros não contém divergência o suficiente para justificar sua existência de acordo com os seres acima de todos nós. você só vê o que pensa estar vendo, mecanismo de disfarce, porque a fisionomia verdadeira iria rachar sua mente. o contrato foi realizado, agora você vai jogar com a sua vida. você foi escolhido, nós somos os mártires deste mundo. esse sigilo no seu corpo te marca como próximo piloto. e quando tudo acabar, a escolha vai ser sua; se você vai ser o novo mensageiro do caos, ou se você vai se sacrificar para salvar outra pessoa. nós estamos lutando contra anjos que aniquilam cidades inteiras como dano colateral. inconsequente. alguns vão tirar a própria vida antes mesmo de começar. alguns perdem a sanidade para tentar ao máximo te despedaçar. o que significam essas luzes no seu rosto? as nuvens choram o sangue de uma realidade quebrada. as chamas lavam os derrotados. uma bala contra o núcleo do planeta apaga toda a história humana em um instante. bom, pelo menos uma delas. (jogo. segredo. força. luxúria. cicatriz. vingança. família. vida.) você conseguiria viver com o que você fez? não se preocupe, você não vai precisar. o sigilo desaparece do seu corpo, assim como a sua vida. isso é nosso. desinstalar. (isso é nosso.) --- [inspiração: Bokurano]
3.
"quando eu crescer, eu quero ser um fracasso." a romantização da negatividade é a praga da nossa geração. expressar sentimentos é parte da natureza, porém a comercialização da tristeza está destruindo nossas mentes. é um ciclo vicioso, eu sou vítima e você é vítima, a mesma indústria cria o vírus e manufatura a cura, promove a glorificação e depois te vende pílulas. não é possível levar a sério uma arte que expressa ostentação e depressão ao mesmo tempo. em uma linha, elxs falam sobre prazer auto-indulgente, e na próxima linha, sobre dor e morte, auto-destruição. o reflexo mostra uma conexão distorcida. me fizeram acreditar que sofrimento é desejável. flagelação. você está mentindo sobre quem você é. aspirando a ter uma vida patética. limpe suas lágrimas com o seu dinheiro. "hikikomori"? cala a boca. eu construi uma efígie em forma de arquétipo para mim adorar. eu cavei um túmulo em forma de personagens onde eu moro. eu sou um objeto e eu sou x donx. eu sou juiz e eu sou julgadx. açoitando a si mesmo, quebrando ossos para se encaixar em um molde pequeno demais, como que isso vai me levar a felicidade? me orgulhando de cicatrizes, tentando ser algo que eu não sou. lutando para rasgar os fios do marionetista com o rosto em forma de televisão. porque romantizar a minha dor foi a única saída que eu via. eu sinto que não existe mais nada em comum, eles falam demais e eu acreditei, mas você acaba ganhando no final, enquanto quem só perdeu até hoje sou eu. você diz ser como eu, mas eu sou só um boneco quebrado que nunca foi usado, as baterias acabaram. você não dorme mais sozinho, enquanto eu não consigo dormir. eu flutuo acima da minha cama enquanto teias me envelopam. uma aura obscura de inveja e ódio e amargura me consome. eu sei que a minha dor não é só minha e que a individualidade é uma praga, mas o véu de relatabilidade sempre acaba se quebrando. acredite que eu sinto nojo e vergonha de mim mesmo. mas eu admito que esse comportamento sangra em mim também; eu me sinto traído quando eu vejo que você mentiu sobre quem você é, mas por outro lado eu também sou apegado demais a isso como uma identidade. eu acredito que só eu não consigo, mas é só porque eu não tenho motivo pra pensar o contrário.
4.
eu estou tão cansadx da sua falsa ideia de rebelião. macho infantilizado, arrogância gritando em vão. performando ginástica mental para tentar justificar como que suas bandas bregas de tiozão te tornam tão diferente das massas. milhões de visualizações, reconhecimento global, premiações estadunidenses, me explique de novo como que isso é especial. crimes de ódio, uma infraestrutura que te odeia, perda de direitos, corpo mutilado; você não está gritando sobre nada disso, então guarde a guitarra, largue o microfone. ligue pros seus pais e peça desculpa. você jogou sua vida fora para se tornar uma caricatura. você é uma caricatura. eu estou chutando o retrovisor da sua moto, eu estou jogando água no seu cigarro, eu estou tacando fogo na sua jaqueta de couro. comunidade? isso não existe pra mim, porque eu não uso o seu uniforme. o seu "rock n roll" é uma desgraça. rasgue a porra das suas cordas vocais e arrume logo um emprego.
5.
1: o que é tão fácil para todos elxs que simplesmente caem em novas oportunidades. eu não aprendi a viver até hoje, eu sou só mais uma folha ao vento, eu não me imagino participando desse mundo. e é ainda pior quando já se teve um gosto de alguém se importar com você, só pra ser trocado. mas tudo dá errado, porque eu não sei jogar, então aperte [esc], abra o menu, eu vou deslogar. alguns de nós nascemos pra perder tudo, então eu não quero mais ouvir sobre como as coisas mudam de gente como você. Me associar com quem sabe viver foi a pior coisa que eu já fiz. cisne de vidro, vórtex escarlate se forma aos meus pés, desce pelo ralo. me desculpe, é só que eu quebrei de novo. 2: eu não escuto conselho de quem já fez tudo porque você não entende como é viver sem estar vivo. o relógio é inimigo, todo dia é inútil, eu não sei porque estou aqui. as cicatrizes sussurram no meu ouvido. elas querem que eu tente de novo. levadx até o céu, pra ser esmagadx contra o chão. assim elx é jogada na causalidade mais uma vez. a fumaça, uma lâmina enferrujada, continuam me chamando. a tentação da forca me mostra uma visão, um portal. eu não sei o que eu estou fazendo, só quero deixar uma prova de que eu existi, eu fui diferente, eu me expressei, eu criei, antes que meu tempo acabe e seja tarde demais.
6.
o que significa esse papel que eu incorporo? não, de verdade, vamos chegar ao núcleo disso. te dizem o que você é desde que você nasce, e isso parece ter que ter algum impacto no jeito como você vive. eu não sou o meu gênero, o meu gênero não sou eu, é só uma característica arbitrária inútil que é imposta sobre mim. "como se você não quisesse mesmo" foi o que você me disse, e está tudo bem me dizer isso porque nossos papéis são opostos, você se justifica por essa casca que eu hábito. eu não sou capaz de atuar essa dominância mas mesmo assim é assim que eu sou visto. ninguém conhece ninguém. então é por isso que eu estou disfarçando a mim mesmo, tentando me fazer parecer inocente, inofensivo de algum jeito porque eu tenho vergonha quando eu vejo a versão prototípica do "meu gênero" na qual eu supostamente devia me encaixar pra ser aceito e ter qualquer tipo de sucesso; esse poder eu não desejo. eu só quero que você me trate como uma pessoa, não importa como eu decidi me expressar no dia. me desculpe se eu não me encaixo no molde violento que você inventou para mim. quando eu desejo, eu machuco, eu não posso desejar, é isso que me dizem. mas a pior parte é que eu também julgo do mesmo jeito como eu sou julgado. eu não sou capaz de me sentir confortável. "você tem o rosto igual a todos aqueles que já me torturaram até hoje," eu digo pra você mas o seu rosto é um espelho. eu tenho medo de quem é a mesma coisa que eu sou. você tem medo de quem é a mesma coisa que eu sou. então eu tenho medo de mim mesmo. então você tem medo de mim também. quebre as correntes que te mantém preso a uma convenção ultrapassada e perigosa. eu não quero ser só mais um lobo usando roupa de ovelha, eu sei que essas mãos destroem e machucam. tire a sua pele, sinta o ar nos seus músculos, nunca mais feche os seus olhos, vamos nos ver por inteiro. me esfolando vivo só pra não ser um monstro dentro da sua visão. no dia em que você quebrar sua coleira e decidir ir embora, nós vamos andar de mãos dadas por um jardim sem forma.

about

gravado entre setembro e dezembro de 2023

vocais e guitarras são de verdade, o resto é programado digitalmente

agradeço a todxs que escutam, acompanham, e compartilham esse projeto <3

credits

released January 5, 2024

faixas 1-6 inteiramente compostas, tocadas, gravadas, e mixadas por Gabi Teixeira
faixa bônus incluída no download contém créditos separados

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